"Há três métodos para obter sabedoria: primeiro, pelo estudo e reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo."
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sábado, 21 de janeiro de 2012

Noticia sobre a Sistemática

Sistemática filogenética em debate

09/08/2011
Agência FAPESP – O 30º Willi Hennig Meeting, organizado por professores e alunos de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São José do Rio Preto, reuniu cerca de 200 pesquisadores, dos quais 65 estrangeiros, de 29 de julho a 2 de agosto.
“Foi perfeito. O Brasil é um dos países com mais contribuição na área”, disse John Wenzel, professor no Carnegie Museum de Pittsburgh, Estados Unidos, sobre o evento que reuniu pesquisadores e estudantes para trocar conhecimento quanto às hipóteses das relações evolutivas dos diversos grupos de organismos, alvo de estudos da sistemática filogenética.
O encontro foi coordenado pelos professores Fernando Noll, do Ibilce, e Dalton de Souza Amorim, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, que teve apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa - Organização de Reunião Científica e/ou Tecnológica.
Pela segunda vez em 30 anos o Brasil foi escolhido para receber um dos eventos mais importantes na área de Sistemática Filogenética – a primeira foi em 1998 na USP em São Paulo.
O encontro teve recorde de público, recebendo participantes da Europa, Japão, Estados Unidos e de vários países da América Latina. “Foi uma grande oportunidade de investimento qualificado na formação de novas gerações de pesquisadores em um setor de ciência no qual o Brasil já tem um grande destaque”, disse Noll.
Amorim destacou que o Brasil já ultrapassou os Estados Unidos em número de autores na revista mais importante da área de zoologia, a Zootaxa. “Proporcionalmente ao PIB, o Brasil é um dos países que mais investem em pesquisas de biodiversidade. Exemplo disso é o Programa BIOTA-FAPESP”, disse.
Amorim explica que a sistemática filogenética vai muito além da taxonomia, que dá nome aos organismos, uma vez que mostra a relação entre as espécies sob o ponto de vista evolutivo.
“Essas constatações são capazes de gerar aplicações muito importantes tanto na área médica, ao entendermos a evolução dos vírus, como na de biotecnologia, especialmente no que diz respeito ao conhecimento sobre fungos e bactérias”, disse.
Amorim acrescenta que conhecer a biodiversidade permite também que se defina o melhor lugar para a instalação de reservas biológicas.
Para Wenzel, o principal desafio da área é ver quais dos muitos dados obtidos nas pesquisas são úteis e, depois, saber processá-los para aplicar nas mais diversas áreas. “Para isso, esta reunião entre tantos pesquisadores é de grande contribuição”, disse.
Mais informações: www.xxxwhs.com.br 

Noticia sobre a Taxonomia

Taxonomia molecular

13/09/2005
Por Eduardo Geraque
Agência FAPESP - Os desdobramentos da era genômica criam cada vez mais tentáculos e uma deles é a possibilidade de identificar um ser vivo apenas pela assinatura do seu DNA. Por conta disso, grandes bancos de dados, com milhares de código de barras moleculares, poderão se tornar ferramentas importantes na conservação da biodiversidade global.
A criação do Conselho Internacional de Códigos de Barras, em 2004, mostra que há muitos cientistas espalhados pelo mundo interessados nessa nova organização da informação gerada pela genética. Pesquisadores brasileiros também estão se organizando para a criação da primeira rede nacional de código de barras moleculares. Mais de cem pessoas participam dessa iniciativa.
"Um dos projetos piloto pretende obter o registro de todas as 574 espécies de mamíferos que vivem no país", disse Sandro Luis Bonatto, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), à Agência FAPESP.
Segundo o cientista, o único brasileiro entre os 11 integrantes do comitê científico do conselho internacional, é preciso agir rápido para que o Brasil passe a participar dos projetos internacionais como um dos grandes líderes. "Isso é proporcional à importância da nossa diversidade", afirma.
Apresentado ao governo para ser financiado dentro dos moldes dos Institutos do Milênio, o projeto organizado por Bonatto pretende utilizar toda a infra-estrutura disponível nos laboratórios brasileiros decorrente da implantação dos vários projetos Genoma. "Podemos gerar um banco com 150 mil amostras, sem a necessidade de comprar uma única máquina", conta o cientista gaúcho.
Além de ser uma ferramenta importante na proteção da biodiversidade – uma vez que os códigos de barras podem acelerar a linha do tempo do conhecimento em várias situações – esses bancos de dados com assinaturas de DNA têm outra vantagem. "Eles revitalizarão a sistemática, área do conhecimento que nem sempre consegue atrair muitos pesquisadores", afirma o pesquisador.
Para Bonatto, as críticas dos cientistas contra a criação dos bancos de assinaturas não coincidem com a realidade. "A taxonomia clássica não vai acabar, muito pelo contrário." O pesquisador explica que a idéia é gerar as informações para que o próprio taxonomista trabalhe com elas. "Os museus e as coleções também terão um papel fundamental e serão até revitalizados. Não queremos que as amostras de DNA fiquem depositadas em instituições estrangeiras, como ocorre hoje com centenas de exemplares inteiros da nossa flora e fauna", disse.
Dentro da proposta alternativa de análise taxonômica, os códigos de barras podem ser decisivos em várias situações. Em muitos casos, o estudo apenas morfológico não consegue chegar a conclusões definitivas. Além disso, em investigações sobre novas espécies ou em inventários rápidos que precisem ser realizados, como no caso de áreas que serão inundadas por uma usina hidrelétrica, a agilidade de um banco de dados molecular pode ser crucial para a defesa do patrimônio genético.
"Existem ainda muitas dúvidas sobre a metodologia. Em algumas espécies, terá que ser usado um pedaço específico do DNA e, em outras, trechos diferentes. Isso tudo ainda está em aberto e deve ser discutido pela comunidade", explica Bonatto. Para o pesquisador, a certeza é a poderosa importância dessa inovadora ferramenta molecular.